Procuramos um novo lar para morar,
longe da necessidade de ter que ser quem não se quer,
sem holofotes, sem protocolos, sem barulho,
apenas um lugar não tão digital.
Não precisamos de muito espaço,
dois quartos serão suficientes,
mas temos uma condição, um quintal,
para receber o sol com as plantas e escutar a fofoca dos vizinhos.
Por termos crescido em bairros populares,
a risada dos adolescentes saindo da escola será uma prioridade,
não queremos filas intermináveis de carros blindados
com choferes e babás tendo que fingir ser pai e mãe.
Gostaríamos de ver pássaros cantando de galho em galho,
cachorros latindo porque chegou o vendedor do gás,
gatos miando pelo som de ganso que o padeiro faz,
coelhas pulando de alegria porque não há raposas caçando.
Visualizamos uma rua singela com pessoas conversando,
como se fosse no interior do nordeste resistente,
mas com a diversidade de ideias e formas que só São Paulo tem,
ainda queremos nos sentir parte deste mundo.
No fim, sonhamos com uma vila refúgio de artistas sonhadores,
que seja inspiradora e revolucionária,
ou seja, um oásis em meio a tanto prédio,
um lugar tão lindo que lembre eternamente os olhos dela.
Comments